sábado

Caracol sem tabus






Os caracóis, caracoletas (escargots) é parte constituinte da gastronomia européia, principalmente francesa, espanhola e portuguesa, sendo consumida como entrada, petisco, ou mesmo como prato principal.




Na altura da primavera/verão eles abundam nos campos europeus vivendo  livremente nas ervas e gramíneas e são apanhados e postos em viveiros caseiros para serem consumidos posteriormente.




Existem diversas criações em viveiros a nível comercial chamadas heliciculturas.









No Brasil o consumo ainda é muito reduzido por causa de tabus, preconceitos (ao falar sobre caracóis muitos fazem cara de nojo) e pouca divulgação da riqueza nutritiva desses moluscos. Sendo o mais utilizado o escargot (caracoleta), visto como iguaria de pratos franceses, requintados e muito caros mais servidos em restaurantes. Poucos são os que sabem utilizá-los na culinária doméstica.




Por esses e outros motivos a maioria da população brasileira não tem acesso a essa fonte de riqueza alimentar e nutricional.







Propriedades nutritivas dos caracóis



A sua carne é de primeira qualidade, muito apetitosa e nutritiva.





Valores nutricionais comparativos:





* / 100 gr            Caracol            Vaca            Frango          Peixe         Ostra





Lipídeos             0,5 - 0,8         10 - 12             12               1,5            1,1





Calorias              60 - 80         160 - 170         120               70             65





Proteínas             13 - 15           21 - 23        18 - 17            15             12





Água                   70 - 85              72             70 - 72            81             82





Sais minerais       1,5 - 2,0            0,9           0,8 - 1,0     0,25 - 0,29        -








A cura através dos caracóis


• As proteínas dos caracóis ajudam na reconstituição da integridade dos tecidos gástricos e, portanto, na cura da úlcera;


• Por ser um alimento rico em cálcio, ajuda a combater o raquitismo e é ótimo durante a amamentação;


• Por ser rico em sais minerais e ferro, é útil durante a gravidez e amamentação;


• Por ter alto teor de ácidos graxos polinsaturados, combate o colesterol;


• É pobre em lipídeos, podendo ser consumido por pessoas acometidas por problemas no fígado, arteriosclerose e obesidade;


• Na França e Alemanha, são usados como base para cosméticos e suas conchas no artesanato.







Principais características do caracol





- em francês escargot significa caracol;


- molusco,porque o seu corpo é mole, sem esqueleto;


- gastrópode, porque tem a parte estomacal (gaster-estômago) junto ao pé (podes = pé);


- pulmonado, porque respira através de pulmão;


- terrestre, ao contrário do seu primo caramujo que habita as águas doces ou salgadas;


- pertence ao género Helix (de onde vêm hélice e helicóptero), porque seu corpo faz uma torsão de 180º. Por isso, a criação é denominada helicicultura e quem cria é um helicicultor.


Quando bem preparado é  um prato muito saboroso e ainda por cima de baixa caloria.


Eu particularmente, provei e aprovei o seu consumo. Hummm!!





Receita de Petisco de Caracol


Ingredientes:


- 2 kg de caracóis


- 80 g de alho


- 60 g de cebola


- 2 cubos de caldo de galinha


- 2 a quatro malaguetas (a gosto)


- Orégãos em rama


Preparação: Os caracóis devem ser bem lavados em água corrente antes de começarem a ser cozinhados. Convém certificar-se de que todos os animais estão vivos antes de os meter no tacho. Os caracóis devem ser colocados num tacho largo e cobertos de água até uma altura de dois dedos acima do nível dos caracóis. Ficam em repouso durante dez minutos até saírem todos da casca. Inicia-se a cozedura em lume brando, sem os temperos, que só devem ser adicionados depois de os caracóis terem morrido. Adicionados os ingredientes, deixa-se cozinhar até levantar fervura. O molho só deve ferver durante três a quatro minutos. Os orégãos em rama são mergulhados durante a fervura e retirados mal se apaga o lume. Deve deixar os caracóis a repousar durante dez minutos antes de servir.

sexta-feira

Festival do Caracol Saloio de 13 a 29 de Julho em Loures


Costumam chegar à mesa na companhia da cerveja, ao final da tarde, numa esplanada qualquer. Podem vir temperados com orégãos, com molho de manteiga ou até em feijoadas. Mas é só para quem gosta - e se há petisco pouco consensual, é o caracol. 


Para os fãs, o Festival do Caracol Saloio começa dia 13 em Loures e fica por lá até ao final do mês.




Festival do Caracol Saloio Loures
Festival do Caracol Saloio - Loures


Organizada pela Câmara de Loures, a 13.ª edição do festival começa amanhã à tarde, às 17h, e prolonga-se até 29 de Julho. Os visitantes têm dez tasquinhas à escolha para provar uma variedade de pratos cozinhados com caracóis e caracoletas.


Não falta imaginação para cozinhar o petisco: além dos tradicionais caracóis cozidos, há especialidades como a favada de caracoletas, os rissóis de caracol, o risotto de caracóis, a macedónia de caracoleta com maionese ou a caracoleta de caril. Da ementa consta também o pão de caracol, o bacalhau com caracóis e - a novidade - o bolo oficial do festival (a única especialidade que não tem caracóis).


E como não há festa sem música, a animação fica a cargo dos grupos Kris Rosa&Zé Carolino, Carlão, Trio Maravilha, Kamané, Banda Classe e Nelo Ribeiro, autor do hino do Festival do Caracol Saloio. No recinto do evento haverá um espaço dedicado aos mais novos, com actividades como slide, parede de escalada e pinturas faciais.


O festival tem também uma mostra de artesanato tradicional e urbano, com 50 expositores. O evento tem entrada gratuita e é realizado junto ao pavilhão Paz e Amizade.


Uma novidade em relação a anos anteriores é a parceria entre a Câmara de Loures e a empresa Rádio Táxis para a criação de uma pequena praça junto ao local do festival.

É saudável comer caracóis





Os caracóis são ricos em proteínas e pobres em gorduras e calorias, o que os torna num alimento muito nutritivo. Sais minerais como magnésio, ferro, zinco e cobre são elementos que entram na sua "constituição física" e os tornam num alimento saudável.


O consumo de caracóis é uma tradição que tem mais de dois mil anos que, segundo consta é oriunda de Marrocos. Muitos algarvios dedicam-se a apanhá-los. É vê-los à beira das estradas, entrando pelos campos, de saco plástico enfiado no braço, à procura do apetecível molusco.  


A partir de Abril e até Setembro são muitos os estabelecimentos que ostentam cartazes a informar “Há caracóis”.


No Algarve, no 1º de Maio é habitual, logo pela manhãzinha, as famílias e amigos juntarem-se para o típico piquenique comemorativo. Para além de outros petiscos, uma caracolada é coisa que não falta. As crianças gostam bastantes destes momentos que passam no campo, ao ar livre ... e livres estão ... Normalmente não gostam é de comer caracóis e muito menos de caracoletas mouras. Mas "vivem" esta tradição e ouvem falar que os caracóis gostam de pôr os "pauzinhos" ao sol... 






Se você tem alguma experiência nesta área, temos certeza que um monte de pessoas que lêem este blog gostariam de aprender consigo.
Por outro lado, se o que pretende é obter informações ou ajuda, não hesite em nos contactar e faremos tudo o que esteja ao nosso alcance para o ajudar.


Por favor, deixe um comentário ou partilhe esta oportunidade com um amigo.


segunda-feira

Snails under stress




Not only snail breeders can get stressed out about their snail farms, but snails themselves can suffer stress too. Very snail breeder knows how delicate the process of raising snails is since they need specific humidity and temperature conditions.


The farm conditions must be the best, since they are very small animals, plastic containers and pet carriers seem like a good first solution. Snails do not feel comfortable when they are so close to each other. Cold water also causes them stress. A sponge helps create a humid space.


During the stress phase snails segregate a substance –its reaction towards external aggressions- in order to obtain the famous "snail slime” that is used to elaborate cosmetic products. 


Snails go under a registered physical stress procedure of rotation that “makes no harm” to the snails. Ten snails are needed to produce 4 mm of the snail beauty products.

terça-feira

Dermatologistas e farmacêuticos aprovam a eficácia da baba de caracol


Os dermatologistas e farmacêuticos aprovaram a eficácia da baba de caracol, mas advertem que, para que os cosméticos elaborados com estas secreções possuam as propriedades regeneradoras e antioxidantes que lhes são atribuídas, estas devem ser extraídas quando o animal está stressado.


A empresa Cantabria Farmacêutica elaborou um estudo no qual prova as virtudes dos cosméticos elaborados com estes moluscos, mas alerta para os riscos de comprar "produtos milagrosos" relacionados com a baba de caracol.


Estes produtos, sem fundamentos científicos e apoiados em campanhas de propaganda pouco rigorosas, confundem o consumidor e os profissionais da saúde, colocando em xeque as propriedades regeneradoras e a segurança dos clientes, diz o estudo.


Segundo a empresa, os critérios de qualidade exigidos aos produtos de baba de caracol para que garantam a sua propriedade regeneradora são:
- a fonte ou o tipo de caracol
- o método de extração e elaboração
- os componentes da baba
- o aval científico
- a existência de processos que garantam a sua segurança e tolerância.


Por este motivo, os especialistas afirmam que nem todos os cremes de baba de caracol são iguais. Para que estes cosméticos sejam eficazes, devem ser elaborados com a secreção que o caracol expele ao receber estímulos externos - como radiações ou stress mecânico - para reparar a sua pele e a proteger das agressões externas, e não com a baba que o caracol desprende na sua deslocação.


A secreção do caracol "cryptomphalus aspersa" obtida em estado de stress é extremamente rica em proteínas e polissacarídeos, responsáveis pela sua actividade regeneradora, e não tem nada a ver com a baba que o caracol expele na sua deslocação, que não possui actividade biológica e cuja única função é permitir a sua mobilidade.




A metodologia de obtenção da baba de caracol aperfeiçoou-se até chegar à situação actual  com um sistema do qual se obtém uma secreção purificada e que permite preservar a vida do caracol.


Segundo um estudo realizado em 2004 com pessoas tratadas com baba de caracol, a redução progressiva e gradual da percentagem de pacientes com rugas finas é de 26,7% e de 45,5% para as rugas grossas. Também foi identificada uma significativa redução do aspecto envelhecido por causa do sol e da secura e aspereza da pele. Além disso, houve uma melhora nos parâmetros de lisura, firmeza, flexibilidade e hidratação.

quinta-feira

Onde comer bons caracóis em Lisboa


De Maio a Agosto, no tacho ou na chapa – é chegada a altura de saborear os nossos tradicionais “bichinhos de jardim”. 


Também nós não resistimos à tentação e resolvemos partilhar o nosso roteiro pelos vários estabelecimentos de Lisboa. Um roteiro para ser feito sem pressas, como o próprio caracol. 





Amados por muitos, odiados por outros; feios ao olhar, atraentes ao paladar. Desde sempre que os caracóis foram um prato apreciado por vários povos do sul da europa, e o português não foi exceção. Chegam os meses sem “r” (justamente o oposto da regra dos mariscos) e começam a aparecer os famosos letreiros a anunciar a sua chegada. Um clássico lisboeta, merecedor de mais estatuto ainda se for escrito a caneta azul por cima de uma toalha de papel. 


Adoramos!

Sempre acompanhados pelos amigos Pão Torrado e Imperial, um bom pires de caracóis faz as delícias de qualquer petisco de fim de tarde (aqui ficam algumas sugestões para outro tipo de fim de tarde). Infelizmente são muitas vezes ameaçados por um utensílio bem conhecido de todos – o micro ondas, solução recorrente nalgumas casas e que assassina por completo o sabor dos caracóis. Para evitar dissabores como este, apresentamos a nossa seleção de estabelecimentos onde comer caracóis em Lisboa. Propomos desde verdadeiras mecas do “bichinho de jardim”, até à casa de pasto mais despercebida, que muito provavelmente já por lá passou.

Resta referir que cada casa tem obviamente o seu segredo, mas ingredientes chave como os orégãos, o piripiri, ou o vinho branco estão sempre lá para dar o seu toque à coisa. Quanto ao resto, deixemo-nos levar pela receita de cada sítio. 


E que assim seja: 





 1. O Filho do Menino Júlio dos Caracóis 




O Filho do Menino Júlio dos Caracóis


Por muitos conhecida como a Meca dos caracóis em Lisboa, a casa designada vulgarmente como “Júlio dos caracóis” é protagonista de verdadeiras romarias por parte de fregueses das várias partes do país. Negócio bem familiar, é o sítio favorito da maioria dos apreciadores de caracóis. Contudo, tem também uma ementa variada de mariscos e grelhados durante o restante período do ano. Se encontrar fila à entrada, não se preocupe pois a rapidez do serviço é tal que estará a comer em poucos minutos. 





Onde: Rua Vale Formoso de Cima, 140 B – Chelas 


Horário Verão (Abril até à 1ª semana de Setembro): 


Terça a Sexta-feira das 10h às 24h | Sáb. Dom. e feriado a partir das 16h | Encerra à segunda. 


Horário Inverno (Outubro a Março): Seg. a Sáb. das 10 às 23h 


Como chegar: Autocarro: 718, 749, 755, 782, 794 


Contacto: 936 470 077 


Preço: prato 4,80€ 


Observações: Cozinha encerra às 22.30h. 


Recebem clientes até às 22h. 





 2. Palmeira 




Restaurante A Palmeira - Lisboa (Baixa)


A Palmeira é uma velha conhecida onde os caracóis são também uma das suas especialidades, ideais para quem os prefere com um sabor mais intenso e picante. O pão torrado vem no ponto e as imperiais com as famosas batatas fritas estão sempre a sair. 


Onde: Rua Crucifixo, 69
(Baixa) 


Como chegar: Autocarro: 711, 736, 746, 759, 783 | Metro: Baixa-Chiado (linha azul e verde)
 


Horário: 2ª a 6ª das 09h às 21h (hora limite para entrar)
 


Contacto: 213 428 372 


Preço: prato 4,50€ 


Observações: A Palmeira faz também jantares de grupo. 


Pode-se fumar. 





 3. Grã via 




Bastante concorrido é também o snack-bar Grã Via, na esquina da Avenida da Igreja com o Campo Grande. Os caracóis vêm numa travessa considerável, com um pão torrado no ponto a condizer. Há também uma grande variedade de outros petiscos e até é comum os fregueses telefonarem antes para avisar da sua vinda, em dias de grande afluência. 


Onde: Campo Grande, 78 


Como chegar: Autocarro: 701, 727, 736, 738, 744, 749, 754 | Metro: Entrecampos (linha amarela)
 


Horário: 2ª a 6ª das 08h às 22h 


Contacto: 217 974 441 


Preço: Prato 5,50€ 


Observações: Tem zona de esplanada. 





4. A Tabuense 




Ao bom estilo de tasca lisboeta, mesmo ao pé do LNEC estão os melhores caracóis da Avenida do Brasil. Quase nem se dá pelo sítio, mas ao fim da tarde percebe-se qual o prato de eleição d’ A Tabuense, pois está em todas as mesas. É o sítio indicado para quem gosta do bichinho com sabor mais intenso e do pão mais torrado que o normal. 


Onde: Avenida do Brasil, 172 


Como chegar: Autocarro: 717, 731, 750, 783
 


Horário: 2ª a 6ª das 08h às 22h 


Contacto: 218 490 709 


Preço: Prato 3,50€ 





 5. Adega do Rossio 




Se estiver a chegar à Adega do Rossio e vir um grupo de polícias, não pense que algo se passou. Este é mesmo o sítio habitual para os senhores agentes da zona tratarem do seu petisco. A tradicional montra de salgados não engana, este é mais um típico tasco da nossa Lisboa. Os caracóis são dos nossos favoritos (sabor intenso e picante) e o preço é também outra surpresa. A carta de petiscos é também variada durante todo o ano. 


Onde: Rua 1 de Dezembro, 3 A 


Como chegar: Autocarro: 711, 714, 732, 736, 737, 759, 760 | Elétrico: 12, 15 | Metro: Rossio (linha verde) ou Restauradores (linha azul) 


Horário: de 2ª a 6ª das 07h às 21h 


Contacto: 213 461 041 





Posto isto, altura de pôr os palitos a postos (salvo seja) e fazer-se ao petisco. Deixamos o desafio: a maioria das pessoas que repudia o aspeto dos caracóis, acaba por se viciar no seu sabor quando ganha coragem para o provar. Faça o mesmo a um amigo. Foi assim connosco e provavelmente consigo também! 


Conhece mais sítios onde comer bons caracóis em Lisboa? Partilhe connosco!

Fonte: Onde Lisboa

Os melhores locais para comer caracóis em Portugal


Com ou sem acessórios, mas sempre acompanhados de uma cerveja gelada e de uma fatia de pão, os caracóis são a alegria de qualquer final de tarde nos dias quentes de Maio a Agosto, numa esplanada perto de si! Quem diz caracóis, também não esquece a bela caracoleta, no tacho ou na chapa.


Orégãos secos, coentros frescos, piripiri, água e vinho branco são os condimentos mais usados na preparação do molho dos caracóis, mas as receitas e os segredos mudam de casa para casa, de tasca para tasca e de cervejaria para cervejaria. Contas feitas, Há Caracóis é um dos avisos mais notados nas montras de casa de pasto que se preze.




Os melhores locais para comer caracóis: 



Casa Primo dos Caracóis (Moncarapacho, Olhão)


Casarão dos Caracóis (Pereiro de Palhacana, Alenquer)


Casa dos Caracóis (Malveira)


Casa dos Caracóis (Setúbal)


Casa dos Caracóis (Odivelas) 


Túnel de Santos (Lisboa) 


O Navio (Santa Cruz, Torres Vedras) 


Tico-Tico (Lisboa)


O Eduardo das Conquilhas (Parede, Cascais) 


O Palhacinho (Faro) 



Café Restaurante O Mira (Viana do Alentejo) 


O Lagar (Pechão, Olhão) 






E Mais!


Café O Moinho (Queijas, Oeiras)


Café O Caracol (Montijo, Setúbal)


O Farol da Torre (Belém, Lisboa)


Café O Caracol (São Domingos de Rana, Cascais)


O Apeadeiro (Vale Formoso, Loulé)


O Pescador (Lisboa) 





Fonte: expresso.pt (PAULO BRILHANTE)

terça-feira

Vida de Caracol





Francisco Caetano, empresário no ramo dos caracóis





O lento percurso dos gastrópodes de um dos maiores importadores nacionais - do armazém à travessa









Francisco Caetano, 60 anos, é um empresário otimista, coisa rara nos tempos que correm. Proprietário da empresa de importação e exportação Francisco Conde, acredita que este é um ano particularmente bom. 


Para os caracóis, pelo menos. "As previsões são altas, espero vender cerca de 2 mil toneladas", diz, confiante. 


Na época forte de consumo de caracóis, entre abril e finais de agosto, os camiões chegam ao seu armazém, em Brejos de Azeitão, na Margem Sul, a um ritmo quase diário. Todas as madrugadas é preciso descarregar o material - isto é, os caracóis, que vêm de Marrocos - e, nas horas seguintes, pô-los a repousar na arca frigorífica. 




O turno da manhã começa às nove horas. E desde logo começa a seleção minuciosa das três espécies: teba pisana (os tradicionais caracóis), otalla latia (riscada, mais pequena e utilizada para cozer) e hélix aspersa (a caracoleta maior para grelhar e a mais cara das três espécies). 




Processo de escolha dos caracóis




Após esta "lupa" humana, que serve para detetar as cascas partidas, também se separam as caracoletas grandes das pequenas. 


Por fim, vão para a máquina, a fim de serem embaladas em sacos de um quilograma. 


Esta é a última tarefa que aqui se executa, antes de os caracóis seguirem para os clientes que, segundo diz Francisco Caetano, são de todo o País, de Vila do Bispo a Viana do Castelo. 




Em Lisboa, um dos clientes mais conhecidos é o Júlio dos Caracóis, na Rua Vale Formoso, número 140 B, chefiado por Vasco Rodrigues, filho do Júlio dos Caracóis. 


Há mais de 50 anos que são especialistas em caracóis, mantendo o segredo da confeção e as quantidades servidas. Sem reservas, Vasco Rodrigues diz que prefere os caracóis marroquinos aos nacionais: "Têm o dobro do tamanho", justifica.
Francisco possui dois armazéns: o de Brejos de Azeitão e o de Marrocos, em Belksiri, na zona de Gharb, liderado pelo filho mais novo de Francisco Caetano. 


A empresa tem, ainda, sete lojas de take-away (a primeira foi aberta em 1998, em Setúbal), três restaurantes e uma box no interior do Mercado.

Abastecedor da Região de Lisboa. Um "império" dedicado ao gastrópode que chega de longe porque, como explica o empresário, "não produzimos caracóis suficientes, em Portugal". Mas, revela, a melhor região para os apanhar é a de Santarém". 


A loja recordista desta empresa familiar fica no Barreiro, na Avenida Calouste Gulbenkian. No ano passado, só numa tarde, serviu 63 tachos com 20 quilos cada um. A média de um dia bom ronda os 45 ou 50 tachos. 


Aqui, em duas filas separadas, vendem-se caracóis ao quilo (vivos ou cozidos) e caracoleta grelhada. Quando se entra na cozinha, mais parece que se está numa pequena fábrica. Primeiro, os caracóis são lavados numa máquina que foi "inventada" por Nuno Caetano (o filho mais velho de Francisco Caetano, que se encarrega da gestão da cadeia de lojas) e, depois, vão ao lume, em tachos grandes. 


Falta a receita: juntam-se os ingredientes (sal, cebola, alho, knorr, malagueta e orégãos, não utilizam bacon) e, depois de levantar fervura, espera-se entre seis e dez minutos pela sua cozedura. 


Os tachos que saem dos 17 fogões (e que se enchem com 20 quilos cada um) estão, agora, prontos a serem servidos.






Artigo de Sandra Pinto na revista Visão.pt

Fotos: José Caria