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Helicicultura - A criação de escargot ou caracol no Brasil

A criação de escargot ou caracol, no Brasil, teve início na década de setenta e de uma maneira mais intensiva e comercial a partir dos anos oitenta, com criadores dos Estados do Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

Nesta época, não havia muitas informações a respeito, apenas versões apressadas de manuais franceses, que acabavam por incorrer em muitos erros e orientações que não se adaptavam as condições locais. Agora, na década de 90, a febre de se criar escargots ressurgiu em vários pontos do país e a procura por conhecimentos e uma tecnologia de criação recomeçou.




Neste sentido, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, por estar situada numa região onde se concentravam muitos heliários (criatórios de escargots), começou a ser solicitada pelos criadores em busca de mais informações sobre a atividade.

Assim, através do Departamento de Nutrição e Avaliação do Animal, do Instituto de Zootecnia, deu-se início, há sete anos, as pesquisas sobre a helicicultura (criação de escargots), com o objetivo de se definir um conjunto de práticas e técnicas de manejo que melhor se adaptasse as condições tropicais do pais.

O escargot é um molusco terrestre da espécie Hélix, sendo os mais conhecidos o Petit gris, o Gros gris, o Gros blanc e o Gigante chinês. De hábitos noturnos, o escargot precisa de condições ambientais favoráveis para viver: temperatura entre 16 e 25° C, umidade relativa mínima de 80% e fotoperíodo. Durante o dia procure abrigos úmidos e escuros, protegidos de ventos. A temperatura abaixo de 10°C, geralmente entra em hibernação, acima de 25°C entra em estiva e, abaixo de 0°C, a água dos seus tecidos congela, ocasionando sua morte.

Segundo o zootecnista Edson Assis Mendes, professor e pesquisador da UFRRJ, no Brasil, durante vários anos, houve uma predominância da espécie Petit Gris (Hélix aspersa aspersa) devido ao caráter empírico das criações. Entretanto, quando trabalhos científicos começaram a mostrar resultados, a espécie Gros gris (Hélix aspersa máxima) ganhou espaço e atualmente é produzida pela maioria dos helicicultores. Com tecnologia apropriada, o Gros gris já é abatido com 10 gramas de peso vivo e idade entre 100 e 120 dias, confinados em caixas de plástico ou madeira, em ambiente com temperatura media de 25°C e UR mínima de 80%, alimentados com ração balanceada e ausência total de terra, exceto nas caixas de matrizes, onde coloca-se copos pare desova com 2/3 de terra.

As pesquisas desenvolvidas pelo professor Edson e sua equipe originaram um projeto piloto para implantação de uma helicicultura adequada a pequenos espaços, permitindo uma produção de 58 kg de peso vivo/m2 ao ano, com 60% de rendimento de carcaça, e ainda, após a estabilização do rebanho a partir da 24a semana, o início da comercialização de matrizes selecionadas. Outras conclusões que adequam a helicicultura pare nossas condições ambientais são:

O ambiente ideal para o escargot confinado é conseguido com a utilização de umidificadores, desenvolvidos pelo zootecnista José Luiz da Cunha Machado, e/ou condicionador de ar. Nos laborat6rios da UFRRJ, apenas usando umidificador, consegue-se manter as condições ambientais necessárias.

A densidade máxima recomendada e de 400/200/100 animais por m2 nas 1a, 2a e 3a fases respectivamente. Um aumento muito grande de população induz o escargot a abandonar a concha causando sua morte, a roer sua própria concha ou a dos outros animais. Comportamento este que pode também estar ligado a deficiência de cálcio.

A nutrição indica o uso de ração balanceada com teores de 18% de proteína bruta, 3100 kcal/kg de energia bruta e relação Ca/P de 16:1. Níveis estes conseguidos quando se utilize a seguinte receita: 70% de fubá de milho; 27% de farelo de soja; 1,5% de farinha de ostra; 0,6% de farinha de osso calcinado; 0,4% de premix e 0,5% de sal fino. Sendo que a farinha de ostra deve ser suplementada em recipiente a parte.

Quanto a reprodução, o escargot, tem uma copula que dura até 12 horas. A postura dos ovos e feita em copos de vidro ou plástico rígido, preparados pare este fim, contendo 2/3 de terra fofa e úmida. O ovos devem ser transferidos para outros copos com terra esterilizada para evitar sua contaminação pela mosca do cemitério, e após 14 dias ocorre a eclosão de 75 a 120 filhotes. Entretanto, nos laboratórios do Instituto de Zootecnia vem sendo conseguido, com sucesso, a eclosão em ausência total de terra, apenas mantendo-se as condições ambientais ideais. Experiência, essa, que já vem sendo conseguida, também na França.

Criar escargots no Brasil tem futuro promissor. Atualmente toda a produção do país, em torno de 25 toneladas anuais, é consumida internamente e a tendência e aumentar a cada dia com a popularização do uso culinário. O mercado externo também é amplo, especialmente na Europa. Na França, por exemplo, são consumidas mais de 45 mil toneladas anualmente.

Fonte: www.cpt.com.br.

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